segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Vida Após o Intercâmbio (ou o que mudou na volta?)


Oi Pessoal!! Como estamos?
Hoje queria falar sobre como anda a minha vida pós o intercâmbio. Sabia que teria que escrever esse post, até para esclarecer as coisas dentro de mim (pra quem não sabe, gosto de escrever pra organizar meus pensamentos), porém, confesso que não tinha a menor idéia de quando seria o momento de postar isso.
Ai tive algumas leitoras perguntando como está minha vida agora, o que mudou, no que estou trabalhando, etc. Resolvi que essa seria a hora, principalmente pra me justificar de mais uns dias de abandono.
Vamos lá:

VOLTANDO...
Voltei em Maio. No início foi muito esquisito, tive medo de ser assaltada em cada esquina, até dentro do aeroporto, sei lá, estava acostumada com a tranquilidade e segurança da Europa. Já em Guarulhos senti o "caos" brasileiro, aquela bagunça, gente se empilhando pra fazer check-in (isso que nem era véspera de feriado).
Em Porto Alegre, revi amigos mais próximos e família, mas era tudo muito estranho. Passei umas 2 semanas sem celular até que pudesse fazer uma conta nova, ficando no meu apartamento (o mesmo que eu morava antes), ficando com  família.

DINHEIRO






Nota de Euro que nõ consegui trocar porque estava riscada.

Levei muito tempo pra conseguir trocar o dinheiro em euros e em cheque que eu trouxe (o cheque só foi compensado agora em Outubro), e quando troquei, tive A MAIOR decepção, porque os bancos brasileiros me comeram quase metade do dinheiro em taxas. Em Dublin, eles tavam trocando 1 euro por 2,65; aqui o máximo que consegui foi 2,30, MUITA DIFERENÇA!!! O cheque, me descontaram 150 dólares de taxa, fora o IOF e o câmbio ladrão. Mas enfim, consegui parte do meu dinheiro de volta.

TRANSPORTE
Nos primeiros meses, evitei andar de ônibus. Em Dublin eu não andava nunca (só pra ir no aeroporto), e em Porto Alegre eu não dirijo, por isso, aqui em Porto Alegre, passei a sair só de carro com alguém ou ir a pé mesmo. Agora em Outubro passei a voltar a andar de ônibus, mas evito porque me irrito DEMAIS, e prefiro caminhar.

RELACIONAMENTO NA VOLTA
Não quero parecer arrogante, mas quando estamos morando fora, ouvimos mil declarações de saudade de sua família e amigos. Gente que te faz achar que você é a pessoa mais importante da vida delas e que vai morrer se você nunca mais voltar. Isso é pra todos que moram fora (se você for morar, prepare-se pra isso). Porém, isso é o efeito da saudade (que maximiza os sentimentos). Eu fui avisada por amigos de Dublin que já haviam voltado ao Brasil, e retornaram a Dublin, que essas pessoas te curtem no primeiro dia, e depois volta a ser tudo normal. Você não é mais aquele "ser especial". Normal! Porém, tem muita (eu digo MUITA, tipo a maioria) gente que está morando fora, que sofre porque acha que sua família e amigos estão morrendo por não ter você lá. Essa pessoa acaba voltando mais cedo o Brasil (e deixando de aproveitar a vida de intercambista) para acabar com esse "sofrimento", e percebe que na verdade poderia ter continuado morando fora que ninguém ia morrer de saudade. É isso que senti, porém já sabia que isso aconteceria porque fui avisada, mas mesmo assim senti um pouco. Cada um tem sua vida, e ninguém deixa de vive-la porque o outro está fora.

ONDE MORAR NA VOLTA DO INTERCÂMBIO?




A mudança do apê alugado

Tenho certeza de que todo mundo passa por essa dúvida. Quem morava com os pais experimentou morar só entre jovens, e quer sair. Casais que passaram a dividir a vida juntos no exterior, querem continuar assim na volta, e quem morava de aluguel e teve que entregar o apê, tem que pensar em alugar/comprar outro. Fora os casos de brasileiros que, após morar fora, resolvem se mudar para outro estado (é muito comum).
No meu caso, resolvemos alugar um apartamento maior, de 3 quartos, no mesmo prédio dos meus pais. Resolvemos isso porque trouxemos muita coisa, o anterior estava muito pequeno, nem tinha espaço para as minhas roupas no quarto, além disso, queríamos um quarto pra minha enteada (eu tenho uma enteada, sabiam?) e um escritório. Esse apê é alugado diretamente com o proprietário (nossos conhecidos) e estava com uma decoração muitoooo feia, bem antigão, parecia filme de terror. Aí em troca de "atualizarmos" o apê, pagamos menos de aluguel. Algumas pessoas que me seguem no Instagram (segue ae: @elisahoffmann) já viram alguma coisa do apê. Falarei mais em outro post.

EMPREGO



Trabalhando no novo emprego

Com a coisa de alugar o apê e querer comprar móveis e decorar (isso foi a minha terapia pro choque de mudar de cidade de um dia pro outro), eu queria é GASTAR o dinheiro que eu trouxe, porém, sem emprego não ia dar. Por isso logo comecei a procurar emprego. Mas já vou avisar a todos:  o mercado (aqui em Poa, pelo menos) não está facil! Essa é uma boa resposta pra quem fala com o maior orgulho que "o Brasil nunca esteve tão bem! Que estão sobrando vagas!"...ahãm...
Ainda bem que eu não acreditei nisso. Mas a coisa que me chocou é ver a maioria das vagas pedindo MIL experiências, inglês e espanhol fluente, experiência com liderança de equipes, graduação e pós-graduação, pra pagar 1500,00 reais de salário! Aff! Isso me deixou P.!
Mesmo assim, sabendo que essa era a única opção, fui à procura, e mesmo assim, difícil de achar. No meu caso, eu só estagiei durante a faculdade, me formei, fui direto pra Dublin, e voltei, sem "experiência" nenhuma (essa "experiência" exigida deveria ser repensada). Por isso foi mais difícil pra mim. Mas após mandar muitos CVs, entrei para uma empresa que dá cursos de T.I., na área comercial. Nunca tive experiência em área comercial, mas sempre achei que qualquer profissional de Marketing deveria entender como funciona o comercial, e achei essa uma boa oportunidade. Pórém, 3 meses depois, ja sabendo o suficiente em área comercial, agora estou em outro emprego, na área de Marketing Digital. Só para constar: desde que descobri o mundo do marketing digital, sempre quis trabalhar com isso, e consegui entrar para uma vaga bem interessante, a de Analista de Métricas para Web Analytics (ainda aprendiz); eles chamam aqui de "Data Strategy". Nessa vaga, posso usar meu inglês, trabalho com pessoas que também já moraram no exterior, numa boa localização, e estou desempenhando uma função que me permite saber mais e mais sobre o mundo digital (sou encantada nisso). Por isso, posso dizer que, após 5 meses de volta, estou trabalhando em algo que eu queria.
Obs.: se você tiver na faculdade, vá morar fora antes de se formar, é melhor para arranjar emprego depois.

E A DEPRESSÃO PÓS INTERCÂMBIO?
Mesmo tendo amado morar fora e detestar o estilo de vida no Brasil, me doutrinei a tentar não sofrer por isso e a buscar melhorar a minha vida aqui, pra conseguir tentar me igualar (ou até melhorar) à qualidade de vida que eu tinha em Dublin. Porém, confesso que todos os dias eu sinto saudade da vida que levava em Dublin, dos amigos, das viagens, das comprinhas, do meu salário, dos preços, do friozinho, da segurança, etc. Mas como eu não tenho visto europeu, mais cedo ou mais tarde teria que voltar pra cá. Achei melhor voltar agora por uma série de fatores (inclusive meu namorado, que estava aqui), mas não descarto morar fora novamente (temos planos de uma pós no exterior, quem sabe...).
Acho que essa depressão pós intercâmbio é algo administrável. Você TEM QUE TER projetos para a sua vida, senão você pira. Eu estou cheia de projetos, por isso, estou num momento bom (mas ainda com muita saudade de Dublinzinha, claro)  =) .

PROJETOS PÓS INTERCÂMBIO (ou Goals, em inglês)



Como falei acima, tenha projetos. Tenha projetos desde ANTES de voltar. Pense em terminar a faculdade, começar uma pós, morar em outro estado, tentar um concurso, abrir um negócio, virar sarada, redecorar o apê, sei lá! Qualquer projeto para a sua vida é de extrema importância pra te manter no foco da sua vida. Senão você vive no passado. Eu estou com alguns projetos para os próximos anos: viajar mais, mudar meu estilo de vida, começar uma pós, entre outras coisas.

E A MANEIRA DE PENSAR, MUDA?
Ôôô se muda! Muda tudo!! É pra mudar, pelo menos, senão não vai ter valido a pena ter feito um intercâmbio né?
Mas o ponto é: você vira outra pessoa. Mudam os amigos (os bons ficam, é claro), os conceitos de vida, outras línguas, novos objetivos, novo endereço, outros valores, novo estilo de se vestir, tudo muda! É essa a mágica da coisa! Após levar um "chá" de outras culturas, você muda sem forçar nada! Você muda porque quer! As coisas se tornam maiores, e o que era bom antes passa a ser pouco para você...você cresce por consequência dessa mudança de pensamento.

RESUMINDO, VALEU A PENA?
Valeu 1000% a pena! Mesmo indo na época da "crise", foi a MELHOR experiência que já tive em minha vida, e repetiria sem pensar 2x! Você gasta uma bela grana (que eu considero investimento), mas volta de malas cheias de tudo um pouco. Você passa a ser uma pessoa interessante e interessada. O lado ruim: as coisas que antes te faziam feliz talvez não te façam mais tão feliz, você vai querer mais. Você se tornará mais crítico. Mas isso no fundo é bom, pois passa a ser uma pessoa não-acomodada.

Obs.: para quem quer ir morar fora, leu esse texto e se empolgou, antes que faça algo por impulso, aconselho FORTEMENTE que estude a língua local antes de ir. Vá com pelo menos o "intermediário", senão você não vai nem sequer entender o que o professor fala (ele explica na lingua local, obviamente), muito menos arranjar um emprego.

Beijos e aproveitem!!!!!

4 comentários:

Ester disse...

Amei o post Elisa! Estava precisando ler isto!

Jade disse...

Muito bom ver notícias suas...
O meu caso é um pouco mais drástico... Estou me mudando de mala e cuia, e só Deus sabe quando ou SE eu volto...
Apesar de eu estar de mudança para a Alemanha, seu blog está me ajudando bastante... Não vejo a hora que pisar em terrinhas estrangeiras de novo!!!

Boa sorte com os projetos!!

Beijo

Elisa disse...

Ester, que bom que esse post foi útil a você! =)

Jade, olha, eu ia amar se eu pudesse me mudar de mala e cuia pra outro país, conte-me das sua vida lá, como está se preparando, o que vai fazer lá?
Estou curiosa!
Confesso que ainda estou à procura de uma maneira de morar legalmente pra sempre no exterior, sem trabalhar em subemprego heheh.

Beijos meninas!!

Anônimo disse...

Belo texto de uma experiência ainda mais bela. Meu único ponto de discordância é a volta (definitiva) para o exterior, ao menos nesse momento não me agrada a ideia.
Cheguei em seu blog procurando ideias e formatos para escrever meus textos de saudades da Europa

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